A força – Conversas com Bert Hellinger

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“Conversas com Bert Hellinger” é uma série de postagens no nosso blog na qual publicamos textos e trechos de livros do autor, que é o pai das constelações familiares. Nós compreendemos que o trabalho sistêmico com líderes, equipes e organizações tem como base as Leis da Vida, compreendidas por Hellinger nas suas obras. Assim, nós entendemos que servir às organizações é, antes de tudo, servir às pessoas e nos conectarmos com suas dores, alegrias, dificuldades e desafios.

O desempenho organizacional está diretamente relacionado à qualidade das relações humanas. Por isso, nós acreditamos nas constelações como um meio para encontrar o equilíbrio, para entender o nosso lugar na vida e na carreira e para desenvolver uma postura que nos leve em direção ao nosso sucesso pleno. Esperamos que os textos de Bert Hellinger aqui compartilhados toquem o seu coração, assim como tocaram o nosso, e possam lhe ajudar a compreender melhor a visão sistêmica, a partir da sua fonte.

 

A força – Por Bert Hellinger

Quando encontramos outras pessoas sentimos imediatamente se elas têm força e quanta. Uma pessoa que ama os pais evidentemente tem mais força que alguém que rejeita um deles ou mesmo ambos. Homens e mulheres que têm filhos e cuidam amorosamente deles têm mais força que homens e mulheres sem filhos. Via de regra, também as pessoas casadas têm mais força e peso que aquelas que ficaram sozinhas. Portanto, é evidente que pessoas ligadas a muitas outras têm mais força que aquelas que se isolam, não importando quais sejam os motivos para tal.

Outras pessoas, com as quais estamos ligados num amor afetuoso, respeitoso e recíproco, acrescem algo ao nosso próprio ser, ampliando-o e aprofundando-o, dando-lhe plenitude e peso. Quanto maior o número de pessoas com as quais estamos ligados dessa maneira, tanto maior se toma o nosso próprio peso anímico e tanto maior se toma a força que possuímos e irradiamos.

Do exposto decorre que somos capazes de aumentar e multiplicar nossa força. Primeiro, quando nos voltamos para os familiares que nos antecederam, recebendo com amor e respeito o que nos provém deles e dando-lhes um lugar em nosso coração. Isso vale em primeiro lugar para os nossos pais.

Às vezes nos tornamos distanciados deles, seja porque houve uma separação prematura, por exemplo, se um deles faleceu ou se os pais se separaram ou também porque queríamos nos aproximar deles, quando pequenos, mas essa aproximação foi interrompida ou impedida por circunstâncias adversas. Por exemplo, porque nós ou nosso pai ou nossa mãe estivemos doentes por longo tempo. A criança vivência esta separação com uma dor tão profunda que não consegue exprimi-la a não ser através da rejeição, do desespero e da raiva. O que quer que os pais façam para ajudar a criança, dificilmente a alcança. Ambos, pais e filhos, sofrem com isso, e ambos acabam perdendo força.

A solução é o filho retroceder ao tempo antes da separação, por assim dizer ao seu primeiro amor e quando ele entender que seu distanciamento dos pais está fundamentado em antiga saudade e carência frustradas, retomar então o movimento em direção aos pais com o mesmo amor original, até que essa aproximação se concretize. Isto é tanto mais fácil quanto mais o tomar dos pais retroceder até o início da vida, ou seja, quando o filho diz em seu íntimo aos pais: “Eu tomo a vida de vocês assim como vocês a receberam de seus pais e mais para trás de todos os seus antepassados, com tudo que isto traz consigo em termos de possibilidades e limitações, em alegria e tristeza, em tarefas e em ganhos e no preço inevitável. Vocês são os pais unicamente possíveis e unicamente certos para mim. Portanto tomo-os como meus pais da maneira que vocês são, como os únicos e melhores para mim.” Neste instante toda a força dos pais poderá fluir para o filho, e o filho se sente enriquecido e realizado através de seus pais, e os pais se sentem assim através de seu filho.

Naturalmente, os pais também têm suas falhas. Também eles, como todos os seres humanos, estão limitados em suas possibilidades devido a sua origem e sua história e principalmente por sua culpa pessoal. Por mais estranho que isto possa parecer, isso não os diminui e sim os engrandece, pois pais imperfeitos transmitem mais a realidade da vida do que pais perfeitos. Se de um lado não tomam a vida fácil para os filhos, por outro lado os preparam de modo mais abrangente para a vida real. Assim, quem concorda com seus pais da maneira que são, quem os respeita da maneira que são, quem os aceita também com aquilo que eles lhe impõem e dele exigem ganha, através disso, toda a força que lhe puderam prover.

As pessoas também ganham força através de seu destino, de tarefas cumpridas e de sofrimento vencido. Além disso, parece que, sobretudo as pessoas com as quais estavam e estão ligadas, lhe conferem — como um círculo invisível ao seu redor — importância, força e amplitude. Sobrevi- ventes do Holocausto, por exemplo, parecem estar rodeados daqueles mortos com os quais estavam ligados pelo destino, de tal forma como se estes estivessem presentes neles como uma força muda. E assim parece que os sobreviventes, enquanto vivos, também pertencem aos mortos, como se os mortos estivessem sendo lembrados neles, e como se eles nos lembrassem também a nós da outra realidade, aquela mais poderosa, mais sombria. Observamos algo semelhante em guerreiros sobreviventes. Também eles estão ligados a muitos mortos, estão rodeados por eles, pelos camaradas mortos e pelos inimigos mortos.

Também ganhamos força através daqueles a quem ajudamos, a quem através de nossas ações possibilitamos viver e continuar vivendo. Isto vale não somente para aqueles que estão a serviço imediato da vida como, por exemplo, médicos, mas para todos aqueles que agem em prol de outros, qualquer que seja o seu âmbito. Isto inclui, principalmente, aqueles que têm influência sobre a vida de muitas pessoas como, por exemplo, os políticos, os empresários, os comandantes de exércitos e, neste sentido, também os ricos, na medida em que sua riqueza beneficiar muitos outros. Todos os empreendimentos conferem àqueles que os empreendem também um peso pessoal, um carisma especial e força.
Também na psicoterapia faz diferença se o terapeuta se ocupa de uma única pessoa ou se a sua visão abrange também os outros aos quais essa pessoa está ligada.

Quando um cliente se ocupa somente consigo mesmo, com sua psicodinâmica interna, via de regra, isso é pouco eficaz, exceto quando se trata de traumas pessoais. Porém, quando o cliente focaliza também os outros que fazem parte de suas relações, ele ganha em força, e o terapeuta pode trabalhar com ele de modo mais fácil e mais claro. Quando o cliente, por exemplo, corre risco de suicídio e se refere a isto apenas em relação aos próprios sentimentos, ele parece fraco, e o terapeuta pouco pode fazer por ele. No entanto, se ele focaliza também os membros de sua família e relata, por exemplo, que a mãe de sua mãe morreu após o parto, o seu problema aparece numa outra dimensão. O cliente agora pode ser focalizado juntamente com a mãe e a avó. Com isso, ele e seu problema ganham peso e força.

Também o terapeuta ganha força quando, juntamente com o cliente, sempre focalizar a família do mesmo e der a todos eles um lugar no coração, sobretudo àqueles que nessa família foram, talvez, excluídos, difamados ou esquecidos. Estes se juntam às pessoas que dão força ao terapeuta, pessoas essas advindas da própria família dele, e se juntam àqueles que pertencem a suas relações, porque o terapeuta já os tinha acolhido de uma forma especial. Com essa força e com esse peso o terapeuta pode interferir no sistema do cliente sem ser presunçoso e achar uma solução que mostra, tanto ao cliente quanto aos membros de sua família, uma saída para os emaranhamentos e que lhes proporciona novas possibilidades para uma vida plena.

Texto extraído do livro “Liberados somos concluídos”.

 

Recado da Ana e da Letícia

Escolhemos este trecho para compartilhar com você pois ele traz insights poderosos sobre onde reside a força de cada indivíduo, que pode vir a partir de várias fontes.

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